SINOPSE:
SINOPSE
NETFLIX: Uma família da alta burguesia carioca vai à falência, e o jovem Jean
precisa aprender a lidar com a realidade nua e crua de uma vida menos
afortunada.
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“Casa
Grande” (2014) é um dos filmes que integra o catálogo de lançamentos da
Netflix em 2020, apesar de já contar com seis anos de existência. Ele narra a história de
Jean (leia-se Jan), um garoto de dezessete anos, filho mais velho de um casal de classe alta.
Mas
o que poderia ser simplesmente um roteiro adolescente, com problemáticas
cotidianas puramente juvenis, torna-se muito mais do que isso. Jean
é aluno de uma escola só para meninos da elite carioca, vive cego às
questões sociais do país e, em suas tentativas de autoafirmação, limita-se a
repetir as opiniões do pai. Assim como o próprio título do filme propõe, Jean
foge da “casa grande”, à noite, para ter encontros às escondidas com Rita na
“senzala” – como é possível chamar o quarto da empregada, levando em
consideração todos os elementos simbólicos e aparentemente despretensiosos
observados no filme.
Esses elementos dialogam constantemente com a alienação
de Jean para questões que envolvem a divisão de classes econômicas e sociais, a
dívida histórica que o Brasil tem com os negros e que reflete em sistemas de cotas, o capitalismo, os privilégios do homem branco e sua visão
machista sobre o corpo da mulher, e outros temas que perpassam os muros de sua
casa blindada por alarmes, câmeras de segurança e música clássica.
Embalado por um panorama histórico-político muito atual, Hugo
Cavalcanti, sobrenome que também remete aos coronéis, é o pai autoritário que apenas
reforça a figura patriarcal colonialista que se vê à beira da falência, mas que
insiste em manter as aparências. Menospreza tudo aquilo que não representa
lucro financeiro e econômico, desde o curso universitário pretendido pelo filho
até a língua francesa, para ele “quase morta”, ministrada pela esposa em aulas
particulares. Despreza as opiniões da filha caçula, quase invisível, e da
esposa, que apesar de ser aparentemente muito religiosa, não estende sua
compaixão além das paredes da sua própria casa, alheia aos problemas
enfrentados pela classe trabalhadora, ainda mais invisível do que ela mesma
como mulher.
Cheio
de conflitos emocionais que envolvem as questões familiares e a namorada
mestiça, Jean vai tentar romper as barreiras desse universo para buscar sua
liberdade e sua identidade além dos portões da “casa grande”. Será que ele
conseguirá?