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[FILME] Casa Grande - de Fellipe Gamarano Barbosa

 

SINOPSE:  

SINOPSE NETFLIX: Uma família da alta burguesia carioca vai à falência, e o jovem Jean precisa aprender a lidar com a realidade nua e crua de uma vida menos afortunada.



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“Casa Grande” (2014) é um dos filmes que integra o catálogo de lançamentos da Netflix em 2020, apesar de já contar com seis anos de existência. Ele narra a história de Jean (leia-se Jan), um garoto de dezessete anos, filho mais velho de um casal de classe alta.

Mas o que poderia ser simplesmente um roteiro adolescente, com problemáticas cotidianas puramente juvenis, torna-se muito mais do que isso. Jean é aluno de uma escola só para meninos da elite carioca, vive cego às questões sociais do país e, em suas tentativas de autoafirmação, limita-se a repetir as opiniões do pai. Assim como o próprio título do filme propõe, Jean foge da “casa grande”, à noite, para ter encontros às escondidas com Rita na “senzala” – como é possível chamar o quarto da empregada, levando em consideração todos os elementos simbólicos e aparentemente despretensiosos observados no filme.

            Esses elementos dialogam constantemente com a alienação de Jean para questões que envolvem a divisão de classes econômicas e sociais, a dívida histórica que o Brasil tem com os negros e que reflete em sistemas de cotas, o capitalismo, os privilégios do homem branco e sua visão machista sobre o corpo da mulher, e outros temas que perpassam os muros de sua casa blindada por alarmes, câmeras de segurança e música clássica.

            Embalado por um panorama histórico-político muito atual, Hugo Cavalcanti, sobrenome que também remete aos coronéis, é o pai autoritário que apenas reforça a figura patriarcal colonialista que se vê à beira da falência, mas que insiste em manter as aparências. Menospreza tudo aquilo que não representa lucro financeiro e econômico, desde o curso universitário pretendido pelo filho até a língua francesa, para ele “quase morta”, ministrada pela esposa em aulas particulares. Despreza as opiniões da filha caçula, quase invisível, e da esposa, que apesar de ser aparentemente muito religiosa, não estende sua compaixão além das paredes da sua própria casa, alheia aos problemas enfrentados pela classe trabalhadora, ainda mais invisível do que ela mesma como mulher.

Cheio de conflitos emocionais que envolvem as questões familiares e a namorada mestiça, Jean vai tentar romper as barreiras desse universo para buscar sua liberdade e sua identidade além dos portões da “casa grande”. Será que ele conseguirá?