Vimos o menino João Pedro morrer em uma operação da polícia militar, George Floyd suplicar pela própria vida (I can’t breath), em transmissão mundial ao vivo, enquanto um policial colocava o seu peso contra sua garganta. Vimos, enfim, um movimento que já existe há anos tomar força mundial (Black Lives Matters) e ter adesão em massa. Mas aí você pode falar: “Deborah, sempre tivemos Joãos, Migueis, Georges, racismo e abuso policial. Não é nenhuma novidade”. E, infelizmente, eu preciso concordar com você. No entanto, isso não diminui e muito menos normaliza o problema.
Nos últimos séculos, os negros foram retirados à força de sua terra, carregados de forma desumana em navios, tratados como seres sem alma, explorados, açoitados, esquartejados, abusados (física, sexual e mentalmente). Mas isso não ficou no passado. A escravidão foi abolida, anos se passaram e, mesmo assim, o racismo persiste. Ainda hoje vemos as mulheres negras sendo objetivadas e sexualizadas, os homens negros sendo tratados como bandidos, seres sem almas e capazes das piores atrocidades. Vemos a população negra ser encarcerada sem o benefício da inocência... Ouvimos frases como “é negra, mas é bonita”, ”não sou racista, mas....”, “eu tenho até um (a) amigo (a) negro (a)”...
Nossa civilização, nossa sociedade foi fundada e é mantida pelo sangue do negro, por aqueles que foram e aqueles que são diariamente explorados, diminuídos e desprezados pela mesma sociedade que o sangue dos nossos ancestrais os forçou a construir.
Mas o que podemos fazer nesse momento de quarentena? Como podemos fazer a diferença mesmo de casa? Leia, assista, questione, se informe. A arma que temos contra o racismo sempre foi e sempre será o conhecimento. Em uma sociedade que tem o racismo arraigado (estruturado), mas que não admite sofrer de tal mal, se faz necessária uma admissão individual e coletiva desse erro, um olhar constante para dentro e para o próximo. Não podemos mais admitir que isso prossiga.
Para aqueles que querem começar esse movimento aqui vão algumas dicas.
Livros:
-O ódio que você semeia – Angie Thomas
- Coleção Feminismos Plurais (Lugar de fala – Djamila Ribeiro, Racismos recreativo – Adilson Moreira, Interseccionalidade – Carla Kotireme, Racismo estrutural, Silvio Almeida, Empoderamento – Joice Berth, Encarceramento em massa – Juliana Borges)
- Eu sei por que o pássaro canta na gaiola – Maya Angelou
- Americanah – Chimamanda Ngozi Adiche
- Meio sol amarelo – Chimamanda Ngori Adichie
- A cor púrpura - Alice Walker
- A terceira vida de Grange Copeland - Alice Walker
- 12 anos de escravidão - Solomon Northup
- Minha história - Michelle Obama
- Por que eu não converso mais com pessoas brancas sobre raça - Reni Eddo-Lodge
- Pequeno manual antirracista – Djamila Ribeiro
- Nem preto nem branco. Muito pelo contrário - Lilia Moritz Schwarcz
- O sol é para todos – Harper Lee
- Um defeito de cor – Ana Maria Gonçalves
- O olho mais azul – Toni Morison
- O mundo se despedaça – Chinua Achebe
- Rio vermelho – Egbé
-Nascido do crime – Trevor Noah
- Infiltrado na Klan – Ron Stallworth
- Se a rua Beale falasse – James Baldwin
-Olhos d’água - Conceição Evaristo
- Becos da memória - Conceição Evaristo
- Quarto de despejo - Maria Carolina de Jesus
Filmes e documentários:
- 12 anos de escravidão
- A cor púrpura
- O ódio que você semeia
- Django livre
- Olhos que condenam
- O sol é para todos
- Meio sol amarelo
- Infiltrados na Klan
- Corra!
- Nós
- Greenbook
- Selma: Uma luta pela igualdade
- Histórias cruzadas
- A 13° emenda
- Estrelas além do tempo
- Luta por justiça
- Se a rua Beale falasse
- Detroit: em rebelião
-Eu não sou seu negro
- Moonlight: Sob a luz do luar
- Mississipi em chamas
Séries:
-Dear white people
-#BLACKAF
-She’s gotta have it
Youtube:
Redes Sociais:
https://www.instagram.com/djamilaribeiro1/?hl=pt-br
Creio que o Vidas Negras Importam aqui no Brasil foi em grande parte por moda (exportação dos EUA) do que realmente uma tomada de consciência, mas é inegável constatar que já é um passo,minhas redes sociais geralmente incomodam porque estou sempre fazendo menção à issó "racismo", "genocídio negro", "genocídio indígena" são temas que estou tentando me aproximar mais (além da minha vivência ).
ResponderExcluirTenho lido muita ficção com
esse tema, pois estou sem concentração suficiente para ler obras acadêmicas.
PS: a autora de Quarto de Despejo é Maria Carolina de Jesus.
Oi Monique! Antes de tudo obrigada pela correção! Não acredito que coloquei o nome errado!
ExcluirAcho que você está certa até certo ponto...Acho que existe sim uma questão de o que vemos os Estadunidenses fazendo achamos que está na moda e queremos copiar, mas acho que tem uma questão também de aproveitar a oportunidade. A gente sabe muito bem que aqui no Brasil a maioria da população não admite que existe racismo já que somos "um povo tão diverso", mas quando casos como o do João e o do George Floyd acontecem tão perto um do outro é impossível que as causas não se levante.
Não estou negando que algumas pessoas do movimento estão sim pensando na "moda", mas não podemos deixar que isso diminua a causa ou a luta!
Oi Monique, concordo completamente com você! Esse movimento aqui no Brasil foi uma modinha mas, eu espero que realmente aconteça de verdade. Não só vidas negras importam mas, as vidas indigenas e de todas as pessoas que estão morrendo por falta de assistência médica, remédios, etc.
ExcluirInfelizmente algo muito real e sério e não podemos fechar os olhos e deixar que a situação prossiga. Fazer nossa parte é necessário sim.
ResponderExcluirGostei dos indicados, eu já li e assisti a grande maioria e recomendo demais.
Excelente post e muito importante.
bjs
Oi Fernanda!
ExcluirNão podemos fechar os olhos mesmo! Infelizmente diariamente no Brasil e no mundo o sangue de negros é derramado sem nada (ou munto pouco) ser feito à respeito! Foi preciso que uma filha perdesse o pai (George Floyd) e mães perdessem os filhos de forma cruel (mãe do João e do Miguel) para que o movimento Black Lives Matters ganhasse força ao redor do mundo. Comecei a ler sobre racismo estrutural e colorismo antes da quarentena ser decretada e você não tem noção do quanto eu chorei quando soube dessas notícias...Esse post foi uma tentativa de desabafo e por isso demorou tanto a sair...
Já escutou a música I can't Breathe da H.E.R? Acho que você vai gostar
https://www.youtube.com/watch?v=E-1Bf_XWaPE
Que post maravilhoso adorei o conteúdo extremamente importante e anotei várias dicas de leitura por aqui para melhor compreensão das coisas!
ResponderExcluirEste comentário foi removido pelo autor.
ExcluirObrigada!!!
ExcluirQuando ler dá uma passadinha aqui de novo pra dizer o que você achou dos conteúdos!
Oi Déborah
ResponderExcluirQue postagem maravilhosa!
Você trouxe dicas valiosas. A maioria dos filmes eu já assisti, mas os livros eu confesso que dormi no ponto. Anotei todas as dicas porque quero conferir cada um deles. Parabéns pela postagem.
Bjos
Obrigada Kênia! Acho que esse assunto está ganhando cada vez mais força, mas precisamos ter base para poder falar e discutir à respeito!
ExcluirSe quiser comentar aqui depois de alguma leitura vou ficar feliz em saber o que você achou! =)
Olá!
ResponderExcluirAs vezes eu acho que estou em um pesadelo por estar tendo que discutir racismo em pleno 2020 e dai eu me dou conta do quando eu aprendi nesse BUM do Black Lives Matters aqui no Brasil. Eu conheci muito trabalho bacana e bem feito onde só faltava visibilidade, estou seguindo uma galera de vários nichos que me interessam, procurando autores etc... Da sua lista eu só assisti O ódio que você semeia, mas vou correr atrás do prejuízo e olhar todas as outras dicas.
Beijos
Leitura Terapia
Oi Thayza! Realmente é surreal pensar que em 2020 ainda tenhamos que discutir e lutar contra o racismo...mas precisamos fazer a nossa parte! Repensar o que falamos (ditados populares racistas), além de como agimos e pensamos...Precisamos também exigir mudanças por parte das mídias q consumimos: se é um blog literário que tenha resenhas de livros escritos por negros e negras, se é um jornal que tenha representatividade, se é filme que tenham personagens principais negros!
ExcluirEssa representatividade não deve ser mais um favor da mídia e sim uma obrigação!
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirOi, gostei muito de conhecer a sua opinião e realmente acredito que precisamos falar mais sobre racismo nas nossas redes sociais, na comunidade escolar, conversar sobre o assunto com os filhos, parente, entre outras atitudes que podem de fato promover mudanças. Infelizmente, o movimento Vidas Negras Importam no Brasil, não teve a repercusão e o interesse merecido. Conheço a todos os livros e filmes que você indicou mas, ainda não tive oportunidade de ler ou assistir todos.
ResponderExcluirViviane Almeida
Resenhas da Viviane
como eu falei em outro comentário aqui Viviane o Brasil tem um sério problema de não perceber o próprio racismo estrutural...O brasileiro tende a achar que o fato de o nosso país diverso" derruba a possibilidade de existir racismo aqui!
ExcluirPelo fato de o movimento aqui não ter feito tanto barulho como deveria mostra o quanto temos que lutar! Não podemos parar! Não temos tempo para desanimar! Temos que nos armar de informações e usar as nossas mídias sociais para mostrar nossa insatisfação à respeito e ajudar a informar as pessoas ao nosso redor!
eu adorei seu post, acredito que mesmo em nosso privilégio branco (digo como uma branca) devemos sempre estar atuante nas lutas por outras raças e pessoas, entendendo nosso privilegio e tentando ao máximo reduzir essas diferenças com atitudes sociais. salvarei seu post pra pegar as indicações depois.
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