[RESENHA] Pequena Morte - de Amanda Chagas



SINOPSE:
“Amor... sentido por muitos, retribuído por poucos. Maior arma contra o medo. Às vezes,  confundido com desejo; contudo, grande aliado de segredos.
Poemas que nasceram para lutar contra os problemas do mundo e as constantes dificuldades da vida. Tratam-se de memórias de eventos não acontecidos, embora lembrados.”

AUTORA:
Amanda Chagas
EDITORA: Ascensão (RJ)
PÁGINAS: 98

                                                                   

É com esse frescor juvenil, recheado de amor, dúvidas, inquietações e observações do mundo à sua volta que Amanda Chagas apresenta esse livro tão cheio de nuances. 

Ora carregado de sutileza ora de paixão avassaladora, "Pequena Morte" dialoga com uma constante busca por identidade e por autoconhecimento. Talvez venha daí a escolha do título, quando um escritor, metaforicamente, sente-se esvair quando finaliza um livro. "Pequena Morte" pode, então, representar a morte de uma etapa, de um ciclo, de um momento vivenciado. Pode representar o ponto final desse livro.

À medida que o leitor vai imergindo nos poemas, acaba por reconhecer dentro de si os mesmos conflitos pelos quais o eu-lírico permite-se revelar. Percebe-se não só a intenção de organizar sentimentos imaginados em versos – muitas vezes em curtas linhas –, mas também de transformar em memórias os momentos dignos de afeto ou, até mesmo, inspirados na sua visão de mundo ou de suas relações interpessoais.

Logo na primeira página, um trecho de Clarice Lispector extraído do livro "Um sopro de vida (Pulsações)", deixa claro as preferências literárias da poetisa (vale ressaltar, de muitíssimo bom gosto!) e evidencia o seu apreço pelo teor sentimental, de apelo muito forte em seu trabalho, "clariciana" em alguns aspectos e explícito em seu poema "Sala de Espelhos":

 

                                                                "Eus" conflitantes

                                                       Cobertos de pó e teias do tempo.

 

A escrita de Amanda também passeia por alguns dissabores muito similares à obra de Florbela Espanca, escritora portuguesa, como no poema "Clandestino", que deixa bastante evidente essa angústia confessional e intimista.

 

                                                                    Essas palavras

                                                                Docemente amargas

                                                            Deslizam pelos meus lábios

                                                            Com uma enorme facilidade.

 

Assim, para quem gosta desse gênero, o livro é recheado da beleza simples de versos soltos, passíveis de reflexão e inquietude. Vale muito a pena conferir.


Por Lu Muniz, escritora do romance “Doce Inocência”.
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