[Resenha] As Crônicas de Nárnia (Crônica 1 e 2) - C. S. Lewis

 


Sinopse: "Viagens ao fim do mundo, criaturas fantásticas e batalhas épicas ente o bem e o mal - o que mais um leitor poderia querer de um livro? O livro que tem tudo isso é O leão, a feiticeira e o guarda-roupa, escrito em 1949 por Clive Staples Lewis. Mas Lewis não parou por aí, Seis outros livros vieram depois e, juntos, ficaram conhecidos como As crônicas de Nárnia.
Nos últimos cinquenta anos, As crônicas de Nárnia transcenderam o gênero da fantasia para se tornar parte do cânone da literatura clássica. Casa um dos sete livros é uma obra-prima, atraindo o leitor para um mundo em que a magia encontra a realidade, e o resultado é um mundo ficcional que tem fascinado gerações. Esta edição apresenta todas as sete crônicas integralmente, num único volume magnífico. Os livros são apresentados de acordo com a ordem de preferência de Lewis, cada capítulo com uma ilustração do artista original, Pauline Baynes. Enganosamente simples e direta, As crônicas de Nárnia continuam cativando os leitores com aventuras, personagens e fatos que falam a pessoas de todas as idades, mesmo cinquenta anos após terem sido publicadas pela primeira vez."

Autor: C. S. Lewis.
Páginas: 751.
Editora: Martins Fontes.

    1. Uma mini Biografia de C. S. Lewis.

 
      Antes mesmo de iniciar a obra, os resquícios de informações que me chegavam era a fama sem precedentes de histórias direcionadas para crianças - nesse fato me lembra muito Harry Potter -, mas há um ponto específico que me chamou a atenção além da fama descomunal.
        Brevemente, antes da leitura, decidi que gostaria de conhecer quem era Lewis. Uma biografia em forma de monografia me chamou atenção intensamente. E por mais que os detalhes da vida dele já se tornem difusos da torrente de pensamentos que perpassam a minha mente, jamais poderei esquecer o quão moldado Lewis foi. Naturalmente inclinado às artes do saber desde novo, enveredado pelos livros e pelas lacunas religiosas que cercaram toda a sua infância e adolescência, acabou se enquadrando no ateísmo e no teor filosófico da sociedade, principalmente devido aos intensos questionamentos sobre o poder do bem e do mal no mundo. Esteve na Primeira Guerra Mundial, onde viu seu amigo mais próximo morrer em meio às trincheiras, além de utilizar o palco da guerra como base para diversos poemas.
         Foi somente em meados de 1929 que o relutante moço se apresenta de forma diferente de tudo o que imaginou em sua vida, depois de anos abdicando de qualquer crença "dogmática": 
"No semestre do Trinity College, em 1929, eu cedi, admiti que Deus era Deus, cai de joelhos e orei: talvez naquela noite eu fosse o mais desanimado e relutante convertido de toda Inglaterra.”

        A conversão de Lewis foi após uma experiência sobrenatural que teve em um ônibus, onde, segundo ele, um mover em seu íntimo o convidava a fazer uma escolha. Ele se demonstra "desanimado e relutante", pois as voltas que a vida lhe deu foram muitas, e aceitar uma nova compreensão não é um trabalho fácil.

      O mais intenso da história de Lewis é o quão de forma transparente os seus pensamentos se transferem para os seus escritos. Movido por uma nova fase da sua vida, o novo cristão decide aplicar, como ele fez com a filosofia anteriormente, os seus novos anseios em suas narrativas. E é por isso, como cristã também, que os escritos de Lewis me chamaram atenção. 


2. O Sobrinho do Mago (Crônica 1)

        Na constituição do volume único dessas narrativas, O Sobrinho do Mago se apresenta como a história inicial, mesmo que tenha sido uma das últimas crônicas a ser escrita. De modo derradeiro, descreve a construção de Nárnia e a apresentação de Aslam na criação de um mundo (uma alusão clara à criação - Gênesis).

        Polly e Digory são apenas duas crianças que se conheceram a pouco tempo, mas serão elas que iniciarão essas viagens. As suas aventuras são limitadas aos seus quintais, mas o tio de Digory  - o tio André - decide usufruir da coragem das crianças para testar uma magia que ele havia constituído. Quem tocasse nos anéis era convergido para um bosque que era intermediário entre novos mundos. Digory e Polly são transportados para o local sem saber ao certo como a magia funcionava, mas ao descobrirem como os anéis podiam levá-los tanto para casa quanto para outros mundos, decidiram explorar.

        Após diversas reviravoltas, é com uma bruxa de um mundo qualquer, novamente com o covarde Tio André  e um cocheiro, eles vão parar em Nárnia e assistem, estarrecidos, ao nascimento desse novo mundo. É por isso que é primordial essa história para as demais, pois a constituição de Nárnia fala sobre o poder do Leão e a maldade inserida pela chegada da bruxa (seria novamente uma alusão à constante luta entre o bem e o mal, já referida por Lewis em seus anseios filosóficos?).

        As narrativas apresentam cerca de 100 páginas, levando novamente a considerar que o livro escrito para o público infantil não apresenta um teor carregado tensão, mas as reviravoltas dão um gostinho bastante encorajador para seguir em frente.


3. O Leão, A Feiticeira e o Guarda-Roupa (Crônica 2)

        Essa história se passa anos após a criação de Nárnia e as aventuras vividas por Polly e Digory com o tio André. As crianças: Lucia, a mais nova, Edmundo, o segundo mais novo, Susana e Pedro, que é o mais velho, precisam deixar Londres devido os ataques aéreos ocorridos durante a Segunda Guerra Mundial. 

        É no campo, na casa de um professor, que elas ficarão instaladas. E é lá que Lucia irá encontrar um mundo novo dentro de um guarda roupa. A primeira visita de Lucia à Nárnia revela um local coberto de neve sempre, já que a bruxa, presente também na criação, está dominando Nárnia. Seu castelo de gelo e o seu poderio amedronta os animais que precisam escolhem um lado: o bem significado em Aslam ou o mal significado na Bruxa. 

        Quando um dos amigos de Lucia está em perigo por não ter denunciado a presença dela e uma profecia envolvendo os irmãos surge, os quatro não pensam duas vezes: precisam ajudar a acabar com o problema que a presença da bruxa representa. Ajudados pelos animais e sofrendo uma traição próxima, eles irão percorrer o caminho que lhes é proposto.

        Contudo, a presença de uma leveza incontestável faz com que eu queira ler esses livros para meus filhos e que uma sensação diferente dos livros habituais me tome. Acredito que, acostumada com os romances policiais e romances de guerra, eu nunca tenha tido essa sensação, então eu não sei explicar (risos).

        Essas são apenas 2 histórias das 7 crônicas que compõem o todo. A próxima parte, O cavalo e seu menino, dará outra perspectiva para esse mundo e a viagem de um menino a Nárnia pode ser mais conturbada do que era esperado.

Nenhum comentário