Autora: Aline Cabral
Editora: Editora
Coerência / SP, 1ª edição (2018)
Páginas: 198
Sinopse:
Ela
estava no topo. Encontrou o amor. Perdeu tudo…
E
descobriu que precisava descer do salto para seguir em frente!
Leila
Dias Watson é uma estilista rica, bonita, famosa, viciada em trabalho… e
solitária. Mas está indo muito bem assim, pelo menos é o que ela imagina. A
única relação sólida que ela mantém, além da amizade com Bárbara e Dolores, é a
de amor e ódio com seu terrível salto agulha.
Com
quase trinta e seis anos e uma vida sistematicamente planejada, a única coisa
que Leila espera é se tornar sócia na empresa Atlas, pela qual se dedica há
muitos anos. O que ela não imagina é que os ventos podem soprar forte, trazendo
surpresas e provocando reviravoltas.
Acima
do Salto Agulha fala sobre a vida de uma mulher bela, inteligente e
bem-sucedida, mas reclusa, que é obrigada a passar por mudanças e descobre ser
possível ir além do planejado. Muito mais que história de amor entre um homem e
uma mulher, essa é uma história de amor pelas amigas, pelo trabalho… Uma
história de perdas, e de segundas chances.
Acompanhe
a jornada de Leila!
Engana-se quem se depara
com a capa do livro de estreia de Aline Cabral e julga tratar-se apenas de uma
história leve e divertida. “Acima do salto agulha” é muito mais do que isso. Ao
abrir as primeiras páginas o leitor encontra uma protagonista que já foge dos
padrões românticos por ter trinta e cinco anos: Leila é uma mulher madura, independente,
bem-sucedida e viciada em trabalho. Sua competência é tão notável que beira a
arrogância e, talvez para camuflar suas fragilidades, equilibra-se diariamente sobre
finos saltos agulha.
“Por que é tão difícil aceitar quando alguém decide se
dedicar, exclusivamente, a construir uma carreira, em vez de se casar e ter
filhos? É tão simples!”
“...o impulso de fugir me fez escolher Vila dos Pomares.
Um lugar novo, onde ninguém sabe o meu nome e nem que um dia eu fui uma
estilista famosa, grosseira e difícil de conviver.”
Temida por muitos por sua postura sempre altiva, Leila deixa-se
revelar nos diálogos bem-humorados que têm com as amigas Bárbara e Dolares e
nos discursos diretos da narrativa que nada tendem a enrolação. Narrativa essa
que, apesar de não apresentar pausas estratégicas para introduzir emoções
intensas demonstra com sutileza a sensibilidade quase poética que Aline
empresta a personagem. À medida que Leila começa a mudar seus valores fica nítida
a necessidade que passa a ter de descrever o novo mundo que se abre para ela.
“É seu tempo pra mim… Ela foi feita para que a areia
leve pelo menos vinte e quatro horas para passar. Então, sempre que eu chegar,
vou querer essas vinte e quatro horas com você. Só nós dois. Seu tempo é o
melhor presente que você pode me dar.”
Durante a leitura espera-se
um romance clichê e o que se recebe é mais do que isso. A história perpassa a
idealização e se apresenta tão real que é capaz de chocar. O plot twist é
tão, mas tão impactante, que a cada página o leitor tenta acreditar que vai
haver outro e que a autora não pode ser parente da criadora de Grey’s Anatomy
(entendedores entenderão!)
Acompanhar a evolução de Leila é uma oportunidade de
aprendizado. Suas lições em cento e oitenta páginas estão sempre a convidar o
leitor ao autoconhecimento, a rever seus planos e projetos a longo prazo, a refletir
sobre a (in)finitude da vida, a dar sequência a um final que pode parecer
inacabado, mas, que na verdade, está propondo que o leitor o termine... porque
a vida continua. Não é à toa que Clarice Lispector começa o clássico “Uma
aprendizagem ou o livro dos prazeres” como uma vírgula e termina com reticências.
Engessar uma história a um único padrão é tirar a sua singularidade, apagar a
sua essência, enquadrar em uma caixinha chamada gênero para que seja comercial
e vendável. Literatura é mais que isso.
“Nem toda história de amor tem que ter um final
feliz.”
“...a gente não deixa de amar alguém, minha amiga. Se a
gente amou mesmo, isso não muda com o tempo, permanece lá, só que o coração dá
um jeitinho de abrir espaço pra outra pessoa também.”
“Acima
do salto agulha” é um livro que fala de sororidade, de amizade, de autoconhecimento,
de superação. Acima do salto agulha não é sobre uma história de amor. É sobre
descobrir seus valores através dele.
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